A Irmã de Ana Bolena - Philippa Gregory

sexta-feira, 11 de outubro de 2013 Marcadores: , ,

Autora: Philippa Gregory
Editora: Record
Páginas: 626
Ano: 2008
Sinopse: Aos 14 anos, a inocente Maria Bolena, su irmã mais nova, Ana, e o irmão George chegam à corte. À época, as grandes famílias aristocratas habitavam os arredores do palácio real e ter uma mulher de sua prole nas proximidades do leito do soberano era garantia de ascensão social. A doçura e beleza de Maria chamam a atenção do rei Henrique VIII. Como nova amante de Henrique VIII sua aventura amorosa é incentivada pelos irmãos. A conspiração da família, no entanto, sofre uma reviravolta e Maria precisa declinar de seu sonho e amor em nome de sua melhor amiga e rival - Ana. A irmã se aproveita da ausência de Maria durante um curto período e conquista a atenção do rei, substituindo Maria no papel de primeira-amante. Mas Ana quer mais do que isso, seu desejo de tornar-se rainha não tem limites e, ao mesmo tempo em que cresce o desejo de Henrique VIII por um filho legítimo, Ana planeja o que fazer para se livrar da esposa dele. Vai ser tornar rainha doa a quem doer. Toda a família Bolena envolvida em uma intriga ainda maior - a dissolução do casamento do soberano com Catarina de Aragão. Um dos períodos mais agitados da corte dos Tudor narrados com extrema eficiência histórica. Considerados o melhor romance do ano em que foi lançado.
Avaliação: 5/5 estrelas

Philippa Gregory é conhecida mundialmente por seus romances históricos, principalmente pela sua série sobre os Tudors. O governo dos Tudors ocorreu durante mais de um século. Henrique VII, soberano entre 1509 e 1547, é guardado no imaginário popular por sua fama de conquistador; ao longo de sua vida, foi casado com seis mulheres, além de ter mantido inúmeras amantes em sua corte. Nesse livro, ela reconstrói a história de Maria Bolena, irmã de Ana Bolena que aparecia apenas nas notas de rodapé.

Maria Bolena foi levada para a corte aos 14 anos, recém-casada, junto dos irmãos George e Ana. Chegando lá, sua beleza chama a atenção do soberano, Henrique. Incentivada pelos pais, Maria se torna presença constante na vida do rei, sendo amiga e conselheira. Logo, acaba se tornando sua amante. Como consequência disso, os Bolena veem ai uma oportunidade de poderem subir em questão de condições financeiras, como também de prestígio e status social. Em um curto período em que Maria se ausenta, Ana, "por acidente" (como se realmente fosse isso) acaba encantando o rei e, mais uma vez com o apoio da família, toma o lugar da irmã. A partir disso, desenrola-se uma série de intrigas e jogo de poder.

Quando iniciei A irmã de Ana Bolena, não tinha tantas expectativas quanto a autora. Alguns anos atrás, lera um livro dela que eu não curtira tanto, por falar tanto de questões políticas ao longo do livro, tornando monótono e cansativo. Quanto a este, a expectativa já não era tão grande, nem mesmo por causa do filme. Mesmo assim, comecei a leitura.

Somos levados diretamente ao inicio do século XVI, e apresentados a realeza da época, e principalmente aos Bolena. Já nas primeiras páginas do livro percebemos um encanto do rei por Maria, principalmente pela sua beleza e sua simplicidade. A garota então, passa a cortejá-lo e a seduzi-lo, devido ao incentivo dos irmãos. Ana, no entanto, desde o principio, não gostara tanto assim da ideia.


- Tem mais sorte por ter o seu, eu diria! - e deu uma gargalhada  repentina. Então, giramos, e vi o olhar rápido de aprovação de meu irmão e o que foi ainda mais agradável: o olhar invejoso de Ana quando o rei da Inglaterra passou por ela comigo em seus braços. (GREGORY, p. 16)

Percebe-se aqui uma pequena rivalidade entre as irmãs. Apesar de Maria ser a escolhida e Ana a ajuda-la, desde o principio vi que ela (Ana) era uma víbora, para não dizer coisa pior. Em vários momentos, Maria perguntava para a irmã se ela estava feliz com ela, e Ana respondia secamente: "faço isso apenas pela minha família". E isso só se intensifica ao longo das páginas.

Ao contrário do outro livro que li da autora, nesse Philippa Gregory tem uma narrativa tranquila e sedutora. Apesar de ser um livro de mais de 600 páginas, ela nos apresenta aos poucos certos fatos, como se convidasse o leitor a dançar com a história. E é aquela dança lenta, mas que te seduz, de certa maneira. Terá aquele momento da reviravolta, mas seu parceiro (a autora) não se preocupa. Ela quer apenas que você siga suas ordens. Senti-me assim durante a leitura. Os acontecimentos são revelados aos poucos, e depois de uma boa parte lida, você se dá conta de quanta coisa já aconteceu. A sinopse do livro dá apenas um mínimo do que realmente acontece no livro.

Os personagens são outra característica a parte. Muito bem delineados, Philippa consegue construí-los de tal maneira, com seus conflitos a parte, suas dúvidas e características únicas de cada um. Em uma sociedade onde o interesse financeiro e status social valia mais do que qualquer tipo de sentimento, os personagens tem que agir cautelosamente, como maneira de que seu próximo passo tenha uma consequência extremamente vantajosa. Além disso, ao longo da história, os personagens, como Ana e Maria, iam revelando suas outras facetas, de tal maneira a surpreender o leitor.


- Se ela tiver a criança e for um menino, então o melhor teria sido você ter ficado com William Carey e começado a sua própria família - comentou Ana. - O rei ficará à disposição dela, e seu tempo terá chegado ao fim. Você passará a ser uma entre muitas.
- Ele me ama - eu disse sem muita certeza. - Não sou mais uma. (GREGORY, 2008, p. 97)


Maria consegue seu grande status, mas sabe que a qualquer momento pode perder. E a primeira reviravolta do livro se dá a partir do momento que ocorre a troca entre as duas irmãs. Os papéis se invertem, e as máscaras começam a cair.


Não me restava nada a fazer a não ser ficar em segundo lugar e sorrir. O rei podia deitar-se comigo à noite, mas durante o dia todo ele era de Ana. Pela primeira vez durante esse tempo todo que fui sua amante, eu me senti realmente uma prostituta, e era a minha própria irmã que aviltava. (GREGORY, 2008, p. 247)


Sinceramente, você não sabe o que esperar do livro. A autora nos surpreende a cada momento, ao mesmo tempo que vai construindo uma narrativa empolgante e eletrizante. Demorei um pouco mais que o normal para ler o livro, mas nem mesmo assim fiquei cansado da história. Sabia que quando eu leria ele de novo encontraria algo novo, e me apaixonaria cada vez mais pela história. O desenrolar dos acontecimentos, as intrigas, a busca pelo poder são apenas alguns dos fatores que tornam o livro único e original. A autora nos conduz numa história incrivelmente bem escrita, que desperta em você sentimentos com os personagens, que deixa com muita raiva de Ana Bolena, que deixa com pena de Maria e vice-versa.

Quem for ler o livro, dou apenas uma dica: "nem tudo é para sempre". A Irmã de Ana Bolena entrou na lista dos favoritos, com certeza. Para quem gosta de um bom romance, com uma mistura de suspense e intrigas, o romance de Phillipa Gregory é a pedida certa!

Para quem tiver mais interesse, segue abaixo o trailer do filme A Outra, estrelado pela Natalie Portman e Scarlett Johasson e baseado no livro.




1 comentário:

  1. Não é um dos livros que me chama muito atenção, porém eu leria de curiosidade.
    pantera-selvagem.blogspot.com.br

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